11.24.2017

TRADIÇÃO PECUARIA DE BARRETOS E INDÚSTRIA FRIGORÍFICA BRASILEIRA

Vagão frigorífico na Cia. Frigorifica e Pastoril de Barretos na década de 1920 (Depois Frigorífico Anglo)
1- Ocupação das Terras do Município de Barretos e o Desenvolvimento da Pecuária.

O município de Barretos está localizado no centro norte do estado de São Paulo distante 450 Km da capital paulista e 50 Km do chamado Triângulo Mineiro que compreende os municípios de Uberaba, Uberlândia e Araguari.

A migração para a região do Brasil Central teria sido instigada desde o século XVI em busca de jazidas auríferas nesta região.

A Capitania de São Paulo tomou-se então rota de transporte e comercialização.

O caminho para Goiás, iniciava-se em São Paulo, estendia-se a Minas Gerais, Goiás e por via fluvial até Cuiabá.  Era o caminho onde se realizava o escoamento do ouro encontrado naquela região. Passou a ter tal importância econômica, a ponto da metrópole definir um projeto de ocupação demográfica do trajeto para as minas com a intenção de garantir seu acesso e exploração. Para tanto foram distribuídas sesmarias, concedidas tanto aos que já se encontravam no local, como aqueles que vindos das mais diversas regiões da capitania ali pretendiam se instalar.2

Os primeiros  povoamentos  iniciados  no  século XVIII,  tiveram  como desbravadores indivíduos pobres e roceiros, que se ocupavam, em sua maioria, na produção de gêneros de primeira necessidade para consumo dos viajantes. A decadência da mineração ainda na primeira metade do século XVIII não deve ser vista como a mais importante causa da migração mineira para a região nordeste de São Paulo. Esta capitania passara a ter importância estratégica, afinal funcionava como território "tampão" na proteção das regiões auríferas do Brasil Central 3

Ocorreu  um  enriquecimento  de  parte  da  população  e um  crescimento  agrário  da Capitania de São Paulo, incluindo-se ai, a lavoura  canavieira,  que teria  estimulado  ainda mais  a vinda de famílias do sul de Minas Gerais4   para as áreas situadas  na Estrada de Goiás.

As áreas preferidas eram aquelas próximas à produção monocultora exportadora nas quais, não havia grande interesse em desenvolver culturas de gêneros de primeira necessidade, acarretando uma elevação em seus preços.

No inicio do século XIX, o fator de ocupação da região teria sido alterado: as terras férteis se tornaram a maior atração para a migração. É nesse momento que mineiros criadores e agricultores do sul de Minas Gerais se fizeram presentes entre os paulistas. As terras que hoje  pertencem  a Barretos foram apossadas a partir das primeiras décadas do século XIX. Tal ocupação teria relação direta com a conquista   de territórios,   hoje   formadores  dos municípios de Franca, Batatais e Morro Agudo, que por sua vez tiveram sua ocupação ligada à abertura do Caminho ou Estrada de Goiás5 . Particularmente os ocupantes da região de Barretos, dedicavam-se à criação de rebanhos, atividade que mantiveram e que certamente influenciou a predominância da pecuária no município.

Por volta de 1830, Francisco José Barreto e seu irmão, oriundos da região,  hoje denominada Poços de Caldas, Minas Gerais, receberam por serviços prestados  para  outros latifundiários, a área correspondente à margem esquerda do Ribeirão das Pitangueiras onde estabeleceram moradia em 1845, local onde se originou  a Fazenda Fortaleza com  11.364 hectares e 32 ares6, iniciando-se um povoamento. O arraial dos Barretos nasceu da junção de parte das terras da Fazenda Fortaleza e Monte Alegre, quando glebas das duas fazendas foram doadas , em 25 de agosto de 1854 à Igreja. Em 16 de abril de 1874, o arraial foi elevado à Freguesia, sob jurisdição de Jaboticabal. A Vila de Espírito Santo de Barretos foi criada em 10 de março de 1885 e, em janeiro de 1897, o local já como cidade, recebeu o nome de Barretos. A pecuária tornou-se a principal atividade econômica do local.

Caracterizada pela não exigência de grande quantidade de mão-de-obra, bem como pela independência de rede de transportes, por muito tempo o rebanho transportou-se  a si próprio, ficando isento do alto custo dos transportes que acabavam por incidir no preço final da produção, diferente dos produtos até então explorados; não necessitava  da proximidade  com  o litoral.  A  carência  de uma boa rede de transportes dificultava a interiorização do pais, incluindo a região de Barretos. A pecuária,   desenvolvida   onde   a   agricultura   não   obtivesse   êxito,   foi   responsável   por   essa interiorização. Compatível com o latifundio, apresentava riscos menores7 .  Benites diz que:

"a  ocupação  territorial   da  atividade . pastoril  foi  se  vinculando   ao atendimento  de  regiões  monocultoras  agricolas  destinadas  ao  mercado internacional, dos principais centros urbanos litorâneos e das zonas de mineração do interior" 8

A  região  de Barretos  estreitamente  ligada  ao Caminho  para  Goiás  e próxima  ás grandes áreas produtoras de café apresentava características de uma região pecuarista.

Propositalmente  ou levados pelas facilidades  que a natureza  proporcionava,9  desenvolveu- se na região de Barretos as atividades criadoras de bovinos e invernadas que deveriam se integrar principalmente à pecuária do Triangulo Mineiro ou da região Centro Oeste do Brasil. No local convergia-se  o gado magro  (viajado),  que depois de engordado era negociado,  dando origem  a um forte comércio.

 A travessia   de Minas Gerais para  São Paulo foi facilitada através do Porto de Correias, mais tarde Porto Cemitério, de onde sala uma estrada  de rodagem  até Barretos.11  O geógrafo Faria, acredita que o crescimento da região, onde se localiza o município de Barretos, tenha ocorrido devido à sua  posição geográfica privilegiada, que facilmente poderia ser  interligada por transportes ferroviários ou fluviais a outras áreas criadoras de gado,  representadas pelos estados de Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais, e posteriormente as condições naturais, como o clima; uma topografia privilegiada e uma farta , bem distribuída e perene rede fluvial. Tais fatores eram considerados essenciais  para a manutenção dos rebanhos, em especial o zebuíno, originário da Índia.

Segundo o autor, o solo não era ideal para a lavoura, definindo-se melhor para as pastagens.  12

O intercâmbio entre o município de Barretos e o Triângulo Mineiro  foi tão forte durante muito tempo, a ponto de se incluir, popularmente, o município de Barretos nesta denominação triangular  formada  por Uberaba,  Uberlândia  quando  acrescentavam  Barretos ao invés de Araguari.

Também  é  possível  encontrar  em  obras  mats  antigas  a  inclusão  do  município  ao  sul  de  Minas Gerais.13

No inicio do século XX, havia no município, comerciantes de gado que enriqueciam facilmente14 Essa dinâmica de criação e comércio de gado trouxe consigo pessoas- interessadas em ambas as atividades, proporcionou uma circulação de riquezas, além de um desenvolvimento regional. Formou-se um grupo ligado à criação e ao comércio de gado: criadores e invernistas 15 Estes se fortaleceram  em Barretos, definindo os preços oferecidos pelo gado magro, que chegava depois de longa caminhada16 Benites afirma que cada etapa da produção era dominada por determinado grupo em determinada- região geográfica:

"A noção de ciclo de economia pastoril de corte compreende a sucessão de estágios produtivos, diferenciados e integrados entre si espacialmente. Cada um desses momentos é representado por uma classe de pressão bem definida e especializada numa determinada etapa de operações técnicas e comerciais a qual engloba desde a produção de bovinos de corte até sua transformação em carne ao consumido"· 17

Os criadores dominavam as áreas do Sul de Goiás, Pantanal e Sul Mato Grosso, Norte e Nordeste de Minas Gerais; os invernistas ocupavam as porções do Oeste de São Paulo e as regiões de Montes Claros, Teófilo Otoni e Governador Valadares; os recriadores que surgiram como uma conseqüência das extensas áreas da pecuária e se caracterizavam como intermediários entre os invernistas e os criadores, estes ocupavam principalmente a região do  Triângulo  Mineiro.  Em Barretos era possível encontrar tanto a figura do invernista como do criador.

Havia portanto uma divisão na produção e nos interesses conforme o estágio ao qual se dedicavam. Cada seguimento especializava-se em uma determinada faixa etária do bovino  (bezerro, garrote e novilho gordo). Essa divisão foi incentivada  por políticas de credito oficial, principalmente no Estado de São Paulo até 1938, como maneira de estimular o processo de engorda . Também contribuiu  para isso a presença  de rede ferroviária  mais desenvolvida  nas áreas de engorda   do que na de cria e recria. Os invernistas tomaram-se mais poderosos  e prósperos  .  Além  desse fator a defesa de interesses de cada grupo causava mais divergências entre criadores e invernistas. Quando necessitavam defender seus interesses, muitas vezes se juntavam  a  outros  grupos  distintos  do seu. Essa divisão foi fundamental para o destino da pecuária no Rio Grande do Sul.

O boiadeiro era responsável pelo transporte do rebanho em uma longa e tradicional caminhada, iniciada nos centros criadores em Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás ou no município de Barretos. Quando vindo do Centro Oeste ou de outras regiões de Minas Gerais, faziam escalas comerciais no Triângulo Mineiro,  ou em Barretos para engorda e comercialização. Estes eram os dois principais pontos de engorda e comércio do chamado Brasil Central. 18

2. Implantação da Indústria Frigorífica : Interesses Locais, Nacionais e Estrangeiros.

No inicio do século XX é possível identificar a existência de duas áreas importantes de criação de gado no Brasil: o estado do Rio Grande do Sul, responsável até então pela produção do charque que abastecia o mercado interno, em especial as regiões norte e nordeste do país; e a região chamada de  Brasil Central que englobava Barretos pelo lado paulista, Triângulo Mineiro (Uberaba,Uberlândia, e Araguari), e áreas do Mato Grosso e Goiás. Em comum, a dedicação  à pecuária tradicional e o interesse à transição para os modernos- meios de industrialização da carne, ocorridos no Brasil no início do século XX. Nas duas áreas, a intenção de dominar as recentes práticas industriais per brasileiros fora constatadas. O crescimento do mercado interno, principalmente dos munícípios de São Paulo e Santos

já   exigia  uma  atenção  no  que  se  referia  ao  abastecimento   de  carnes  verdes.   "Em São  Paulo, perduraram por   muitos  anos  os  abates  no  Matadouro  de   Carapicuiba,  pelos   chamados" marchantes ", influindo decididamente  no abastecimento da Capital"20     Até a primeira  década do século  XX,  os  matadouros   existentes  funcionavam  em  condições  precárias.  No  Rio  de Janeiro, capital  federal,  o matadouro Curato  de  Santa Cruz,21  deixava  muito  a desejar  no  que  se referiam às condições  de higiene, apresentando  a  proliferação  de germes  "epizootias  ou  zoonoses", além  de moléstias  trazidas  por  urubus  que  povoavam  o  local.  O matadouro  não  era  servido  por  vagões frigorificos   para  transporte,   os  açougues não  dispunham   de  câmaras  frias.  O  que  existia  era destinado  a  refrigerar  peixes,  frutas  e outros  importados.  Enquanto  na  capital argentina,  Buenos Aires,  consumia-se  mil  rezes/dia,  na  capital  brasileira,  consumia-se  apenas  400   cabeças  de gado, sendo  seu peso  inferior ao argentino 22

A indústria frigorifica argentina  prosperava- por essa época, com investimentos feitos por empresas americanas e inglesas23 .

A Academia Nacional de Medicina, por volta de  1905, após inspeção do Matadouro de Santa Cruz·(RJ),  condenou não só o serviço do matadouro como as maneiras anti-higiênícas de se armazenar a carne, que se encontrava em estado deteriorado nos açougues. A conclusão foi que a alteração da carne ocorria devido às dificuldades pelas quais passava o rebanho antes de chegar ao local do abate, quer a pé, quer pela quantidade de baldeações, pela impropriedade dos veículos que os transportavam e pelo calor a que ficava exposta a carne. A comissão fiscalizadora julgou necessária, reformas nos estabelecimentos visto que associavam a "artério-esclerose" a esse tipo de alimentação e esta era uma doença comum no Rio de Janeiro 24

As preocupações  com  higiene  são caracteristicas  do inicio  do século  XX  Junto  a isso  o crescimento no setor de industrialização da carne, originário dos Estados Unidos  e uma aplicação desses métodos na Argentina  e Uruguai, muitas vezes pelos ingleses, trouxeram para o Brasil uma discussão e um interesse em desenvolver aqui as técnicas da conservação da carne pelo frio25 . No Uruguai jà desde o final da década de 1860, havia a

"influência inglesa no processo de fabricação de carnes, realizando um aproveitamento quase completo do gado, dotando-o de uma estrutura capitalista com relações de produção assalariadas, divisão do trabalho, utilização de mão-de-obra especializada e melhorias técnicas." 26

Embora existissem interesses internacionais, tanto na criação de  rebanho  como  na implantação do recente processo de industrialização da carne, foi um grupo brasileiro a Companhia Frigorifica e Pastoril, tendo a frente Antônio Prado (de tradicional família paulista, cafeicultor e influente político) e Conde Siciliano (imigrante que se  dedicou  à  indústria)27,  fundadores  do primeiro frigorifico brasileiro. Essa empresa estava diretamente ligada à Companhia Mecânica e Importadora,  com  investimentos  diversificados  na  economia  brasileira,  mas em  especial  ao  café.

Os investimentos na indústria frigorífica pode ser vista como uma diversificação de suas atividades, uma característica da Companhia Mecânica  Importadora.· Presente na metalurgia, exportação, importação e comércio,  o caso nos parece  uma opção às constantes oscilações do mercado do café. É possível então dizer que houve "... um crescimento industrial induzido pelo crescimento da renda interna resultante da expansão do setor agro-exportador, principalmente de café. "28

A Companhia Frigorífica e Pastoril, primeira indústria de processamento de carnes do Brasil, localizada em Barretos, teve suas obras de construção iniciadas em 191O, suas operações em 1913 e as exportações em 1914. Seu investimento inicial foi de 5000 contos de reis, montante este superior aos investimentos posteriores efetuados por britânicos na Anglo Brazilian Meat Company que foi de 2000 contos de reis, superior também aos investimentos da Brazilian Meat  Co. de Mendes, Rio de Janeiro, também de capital britânico e que iniciaram suas operações no ano de 1917, bem como superior aos investimentos realizados pela Companhia Frigorifica de Santos (1917/1918) do mesmo grupo responsável pela Companhia Frigorífica e Pastoril de Barretos, a Companhia Mecânica e Importadora de São Paulo29 Os valores investidos podem estar intimamente ligados à credibilidade dos investidores no sucesso da indústria, baseados na tradicional atividade do município e um amplo mercado a ser atendido. Ou seja, o fato de se encontrar uma estrutura de produção organizada no município e região teria gerado uma confiança aos investidores que podiam, como  avalia  Suzigan,30  aplicar  seu  capital  na  indústria  de  acordo  com  a  facilidade  de  acesso  à matéria-prima.

Com relação à família Prado, representante do grande capital cafeeiro, era proprietária de grandes extensões de terras também à oeste de São Paulo. Suas propriedades atingiam desde Limeira e Araras a Ribeirão Preto. Como comerciantes de mulas ou cafeicultores, muitas vezes ultrapassavam os limites geográficos paulistas. A diversificação de investimentos  ao adquirir terras
invés de escravos, revelava uma modernização nas formas de  riquezas,  incluindo  além  de  uma expansão nas plantações, o incentivo a imigração europeia, ao desenvolvimento de novas formas de transportes.

Esses fatores poderiam influenciar num crescimento populacional e comercial em centros como São Paulo e Santos, tornando a sociedade mais complexa  e dinâmica 31

O investimento em ferrovias efetuado pela grande burguesia paulista foi fundamental para uma nova  dinâmica econômica. À medida que as plantações de café se interiorizavam, a fim de atender o aumento de produção para as necessidades do mercado externo, o acesso ao porto de Santos era dificultado. O produto encarecia, afinal era transportado em lombo de animais, o que causava perdas pela demora e precariedade desse tipo de transporte.

O município de Barretos foi privilegiado pela preocupação em se ampliar a rede ferroviária, pois embora não se tratasse de área de grandes plantações de café, estava muito próximo das principais áreas produtoras. A Ferrovia Paulista, inaugurada em 1872, obedecia às necessidades da economia cafeeira e em 1909 seus trilhos já alcançavam o município de Barretos, com a clara intenção de servir às necessidades da nascente indústria frigorifica no local, que se encontrava sob a direção de um legítimo representante do chamado "grande capital cafeeiro", Antônio Prado, sócio da Companhia Mecânica e Importadora.

A família Prado é considerada das mais proeminentes na avaliação feita por Perissinoto, quando se tratava de investimentos diversificados. Segundo ele, a origem nas atividades agrícolas da família não impediu esse processo. Campo Alto, Santa Cruz (1864), Santa Veridiana (1868), Guatapará (1885), São Martinho ( 1889), eram fazendas onde a família desenvolveu grandes plantações de café32

Acionistas do Banco do Brasil (1858), proprietários do Banco do Comércio e Indústria de São Paulo (1890), contavam com uma enorme capacidade de auto-financiamento". Envolvidos com exportação de café com a Companhia Central Paulista, organizada "possivelmente devido à insatisfação com os exportadores existentes33 ", em 1887 transformou-se em Prado Chaves e Cia, com novos sócios.

Antônio Prado, membro desta família, investidor também em ferrovias,  bancos  e exportações, diversificou também seus investimentos  ao escolher para isso a indústria friigorifica, por meio da Companhia Frigorifica Pastoril de Barretos. Tratava-se de  um  investimento  inédito  no Brasil. Para tal, era necessário importar a maquinaria e o-s cargos técnicos deveriam ser ocupados por estrangeiros. Constituiu-se em 19IO, uma Sociedade Anônima denominada Companhia Frigorífica Pastoril 34,   afim  de:

"fundar e explorar um matadouro de gado pelo sistema frigorífico e uma charqueada para o preparo de carne seca, no município de Barretos, Estado de São Paulo, para abastecer o consumo das principais cidades deste Estado e da União a que conviesse estender o negócio... fundar e explorar quaisquer outras industrias que tivessem relações com o comercio de carnes...organizar com base e garantia econômicas  de  suas  industrias  de  matança,  urna  seção  pastoril  de invernada e criação." 35

A Câmara Municipal de Barretos concedeu à Companhia Paulista de Vias Férreas e Fluviaes, o privilégio e autorização para instalar um matadouro frigorífico no município, bem como, de adquirir áreas para o estabelecimento e invernadas e ainda "adquirir e explorar a concessão outorgada para o fornecimento de força e luz  à cidade de Barretos" 36 Eram diretores desta Companhia  Antonio  Prado,  Conde  Prates  e  Alexandre  Siciliano.  Em  1911,  a  concessão  dada  à Companhia  Paulista  de Vias Férreas  e Fluviais  para  a instalação  do matadouro,  foi transferida  à Companhia Frigorifica e Pastoril.

Os materiais para a construção, superestrutura do telhado, material do matadouro e o do preparo dos sub produtos, máquinas frigoríficas, ficaram por conta da empresa francesa Sociedade Dyle et Balacan (Paris), enquanto a mão-de-obra especializada deveria vir da Argentina e  dos Estados Unidos. As invernadas adquiridas  deviam suprir as necessidades do grande frigorífico 37

Ainda para dotar o município de condições de instalação da indústria, um dos problemas a ser resolvidos era facilitar o transporte do gado do Mato Grosso, solução encontrada construindo uma ponte que facilitava a chegada do rebanho à estação de estrada de ferro. Além disso, as estradas e portos existentes foram viabilizados para o transporte de carga, como é o caso da estrada de rodagem de Jaboticabal e São José do Rio  Preto, os vapores colocados para a travessia do Rio Grande possibilitando a comunicação entre Barretos, o Triângulo Mineiro e o sul de Goiás. Era possível ainda utilizar a força hidroelétrica da usina de Marimbondo para mover a indústria. As terras adquiridas no Estado de São Paulo eram contíguas entre si a fim de tomá-las invernadas, enquanto o gado estivesse em trânsito. Entre as terras paulistas e mato-grossenses, a Companhia era  proprietária de 60 mil alqueires paulista 38

Em 1911, o município foi dotado de energia elétrica pública e no mesmo ano inaugurou-se o Posto de Zootecnia 39 A Companhia Frigorífica e Pastoril Iniciou suas operações em 1913, contava aproximadamente com 350 operários e tinha capacidade para abater 400 bovinos e 400 suínos ou ovinos40    Assim, a empresa deveria comprar gado criado nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso, engordá-los nas pastagens da empresa, abatê-los no frigorífico de Barretos e transportá-los nos vagões da Companhia de Estradas de Ferro. Segundo Suzigan esses vagões eram refrigerados e levavam o produto até uma  câmara frigorífica da empresa em  São Paulo, de lá para Santos a fim de ser exportado 41 O primeiro carregamento foi enviado para a Grã Bretanha em 1914, até I918 foram exportados pelo Brasil, 169.135.000 quilogramas de carnes congeladas42 Certamente, o Frigorífico de Barretos se beneficiou dos períodos de guerras e crises externas, quando as exportações aumentavam, bem como a contratação de operários.

Houve um grande aumento da produção durante o período da Primeira Guerra Mundial, no entanto, o início de sua fundação data de 1910, demonstrando que houve primeiramente uma diversificação de investimentos e não a busca em atender o mercado externo em período de guerra, muito embora fique claro, o caráter da exportação mas sem qualquer vínculo com crises ou guerras externas e sim, pelo crescimento  da procura do produto. O frigorífico foi presidido por Antônio Prado até 1919. Ao final do período  em que esteve em suas mãos, o setor passou por graves crises,  pós-euforia de grande produção para atender o mercado externo em guerra. Por volta de 1918, há uma reclamação geral por parte das companhias frigorificas, 43 em relação aos  preços impostos  por  invernistas,  intermediários,  marchantes  e criadores, que cobravam entre 14$000 e 15$000- a arroba, preço que em 1914 girava em torno de 6$000.

Em 1917, a imprensa local considerava atrasado o sistema de compra, engorda e venda de gado se comparada às praticadas nos grandes centros. No mesmo ano, sob a Lei 1520 de 26 de Dezembro de 1916, foi criado um imposto de 50$000 (cinquenta mil reis) por vitela ou vaca com menos de 10 anos, abatida em qualquer parte do Estado. Essa preocupação ·deriva da matança rebanhos, além de encarecer o produto. As questões de higiene também são consideradas, pois em 1918, em discussão sobre o saneamento do município, sugere-se especial atenção aos depósitos de resíduos do matadouro frigorifico onde  "juntam-se urubus às portas da cidade. "

Suzigan explica que a crise no setor foi estimulada pelo grande abate necessário para atender o mercado durante a Primeira Guerra Mundial. Essa crise teve início em fins da década de 1910 e começo da década de 1920. O que levou à modificações  "com relação à divisão do mercado e ao grau de concentração da indústría".44 Por volta de 1917, investidores estrangeiros liquidaram suas empresas, por entender que devido aos preços exorbitantes do gado no Brasil era possível obter carne de melhor qualidade em outros países, com menor custo, para exportação. Além da escassez do gado, em 1918 ocorreram as fortes geadas que queimaram as pastagens, a propagação da febre aftosa e uma lei proibindo o abate de gado com idade inferior a oito anos de idade. ''Ao final de 1918 todos os frigorificos haviam suspendido  temporariamente  as operações".45

Em 1919, Antônio Prado transferiu a empresa para a Companhia Mecânica e Importadora de São Paulo, desaparecendo a Companhia Frigorifica Pastoril, sob presidência de Alexandre Siciliano. No entanto, o período de crise não havia terminado. Os preços aumentavam desenfreadamente e em 1919, o governo proibiu a exportação de carne congelada até março de 1920. No início da década de 1920, a valorização da moeda mil réis, tomou o produto brasileiro menos competitivo, afetando também as exportações tanto da carne congelada ou resfriada, como da carne enlatada.· A produção neste período passou a visar o mercado interno. Até 1926, o setor sofreu oscilações e forte concorrência dos produtores do Rio da Prata. O Brasil não apresentava um rebanho capaz de suportar as necessidades da produção, que por esse momento  sofria um maior controle de capitais   estrangeiros46 que   devido   às   novas   técnicas   de   produção   e   maiores   investimentos capitais estrangeiros46 que devido às novas técnicas de  produção  e  maiores  investimentos necessitavam de um maior rebanho para atender snas demandas. Esse fator agravou  ainda mais  a crise.

Empresas norte-americanas e inglesas juntaram-se para sobreviver e controlar -o mercado brasileiro, afinai "todos os três frigoríficos brasileiros atuando na exportação de carnes foram comprados pelo Frigorífico Anglo". 47 O frigorifico de Pelotas  foi  comprado  em  1921,  a Companhia Frigorifica e Pastoril de Barretos e o Frigorífico de Santos em 1924,  ficando  a capacidade  de produção nacional nas mãos de americanos (Armour & Co, Swift & Co. e Wilson & Co.,) e britânicos-( Frigorífico Anglo).

No final da década de 1920, a empresa já não  se encontra mais em mãos do capital nacional segundo Suzigan

"..o .investimento estrangeiro aumentou consideravelmente .nas décadas de 1920. e 1930. Em praticamente todas as indústrias que se desenvolveram nesse periodo havia alguma. participação de. capital estrangeiro, que em alguns casos era bastante significativa..."48

Essa situação é particularmente verdadeira na indústria de processamento de carnes. Neste periodo há uma monopolização da produção do setor no Brasil que se iniciou com a compra no final de 1923, da Companhia Frigorifica Pastoril e do Frigorifico de Pelotas em 1924.

A produção da empresa não sofreu grande impacto negativo com a crise de 1929, ao que nos parece ocorreu o contrário. Abateu 120.460 bois/ ano em 1929, contra 112.356/ bois/ano de 1929 e 141.774 bois/ano de 1930.

Quanto ao o Rio Grande do Sul, por ser a mais importante região de criação de gado e produção de charque do pais, esperava-se que as charqueadas dotadas de formas modernas de produção, caminhasse para a indústria frigorifica 49

Foi em Porto Alegre que surgiu a primeira fábrica de carnes enlatadas do Brasil, de capital inglês e que funcionou até 1920 50 Foi também no Rio Grande do Sul que surgiu o primeiro projeto de um frigorífico nacional Mas embora houvesse um esforço de Borges de Medeiros com relação à implantação de uma indústria frigorífica naquele estado, mesmo que estrangeira, pois o governo concedeu inclusive terras a Brazilian Cold Storage and Development Company,51 esse plano não se concretizou imediatamente. Segundo Pesavento esta empresa, mantinha no Brasil procuradores para tratar de seus interesses, ou seja, estabelecer-se em qualquer estado do país para operar com frigoríficos. Havia, no entanto, deveres a cumprir em contrapartida aos beneficios recebidos do então governo, que foi provavelmente o motivo que os levou a não implantar a empresa naquele estado, caducando o prazo determinado. 52

O governo federal também estimulou a indústria, em um decreto de abril de 1920 "abria concorrência para  a construção de um sistema de entrepostos frigoríficos  e matadouros modelos em diversos estados". 3 A intenção era a produção de carnes e sub-produtos para o mercado interno e externo. Entre os subsídios oferecidos estavam: importação livre de impostos de máquinas e materiaís não produzidos no Brasil; livre acesso à terra para  construção  dos  frigoríficos  e matadouros; subsídios para as operações de processamento armazenagem e transporte.

Apareceram duas propostas, para a criação de um frigorífico nacional, que foram consideradas inviáveis, devido às dificuldades de transportes e comunicação entre o interior do país, área produtora de rebanhos e o litoral 54

Assim,  o primeiro frigorifico  na  região  criadora tradicional,  Rio  Grande  do Sul, foi uma subsidiária de trusts internacionais. Pesavento argumenta que interesses particulares de grupos sociais envolvidos no sucesso do projeto da criação de um frigorífico nacional, com recursos públicos, retardaram o processo do desenvolvimento desta indústria. Os pecuaristas, grupo hegemônico, ligado à criação do rebanho, tinham interesses diferentes de charqueadores, responsáveis pela transformação do produto, À medida que se acentuava a decadência na produção do charque, o grupo responsável por esta, pressionava os fornecedores de matéria-prima (criadores), organizando convênios que forçavam a queda dos preços. Tal tática acentuava o conflito já existente entre criadores e charqueadores. Os primeiros estavam estreitamente ligados as renovações do setor enquanto os charqueadores ou saladeiristas eram vistos como conservadores. O Estado, de orientação positivista, mantinha-se neutro em busca da manutenção da ordem. Tomava-se difícil uma solução, na medida que cada grupo mantinha interesses específicos. 55

Era realidade desde o final do século XIX o interesse de estrangeiros em estabelecer-se  nos paises da América do Sul, e em alguns ·locais, dos quais podemos citar o Uruguai e posteriormente a Argentina, há o predomínio de grandes trusts americanos e ingleses neste setor. O Brasil constituía- se área de interesse para o capital estrangeiro. Por volta de 1905, comerciantes americanos voltavam suas atenções para a instalação da indústria de carnes no Brasil, em especial nos estados de Minas Gerais e São Paulo. O cônsul daquele pais no Rio de Janeiro declarou que havia grandes estímulos naturais  à instalação  dessas indústrias  por   estadunidenses,  com métodos  dominados por eles mesmos.   Alguns desses estímulos eram as extensas pastagens e a fertilidade das terras 56 ou seja, a possibilidade de  obtenção de grandes extensões de terras em território brasileiro permitiria o desenvolvimento tanto da criação do rebanho como posterior industrialização do produto, empregando métodos conhecidos e utilizados nos dos em especial em Chicago, berço da frigorificação de carnes.

Um exemplo de investidor estrangeiro era Percival Farqhuar 57  americano e com aplicações diversas no Brasil  em 1912 tinha :

"... - 4 milhões de acres com 140.000 cabeças em 5 ranchos, em Descalvado, no pantanal- em nome da Brazil Land, Cattle & Packing Co. O gado era industrializado localmente numa charqueada, sendo parte da produção exportada para Assunção e Buenos Aires" 58 Associados à firma Sulzberger, de Chicago, construíram  um  frigorifico  em  Osasco, próximo aos trilhos da E. F. Sorocabana que iniciou suas obras em 1913, começou a funcionar em 1914, mas "os Sulzberger, céticos face  às chances do Brasil competir com a Argentina e o Uruguai ... retiraram-se do negócio. Farquhar vendeu então o frigorífico a Wilson, outra firma de Chicago59 foi concluída em 1915 e exportaram naquele ano as primeiras remessas de  carne congelada para os Estados Unidos. 60  A origem do capital  que Farquhar aplicava em seus negócios era variada: poderia vir de seu país de origem, de países  europeus ou de qualquer grupo interessado em investir em seus negócios. Era um investidor ousado e dinâmico".

Outro frigorifico, a Anglo Brazilian Meat Company, de capitais britânicos, localizada em Santa Cruz, no Rio de Janeiro, fundada em 1912, iniciou suas operações em 1917, abatendo cerca de 126 461 bois, sendo 85% destinados à exportação, foi liquidado em 1919 61,  por conta da crise de abastecimento de matéria prima que afetava o setor.

O frigorifico Brazilian Meat Company, de capital britânico e americano, instalado em Mendes RJ, com tecnologia-  americana e controle britânico-foi o embrião para após a  Primeira Guerra, formar o grupo Frigorifico Anglo, fruto de uma junção de indústrias em busca de fatias do mercado e de sobrevivência a graves crises de oferta de gado ocorridas no periodo. Uma das aquisições deste grupo foi a Companhia Frigorifica Pastoril de Barretos em 1923.62 Pesavento  alerta para  a grande  diversificação  de investimentos  e origem  dos capitais,  que envolviam atividades entrelaçadas corno criação de gado, frigorificação, madeireira,estradas de ferro, portos. Neste caso atenção especial à penetração na criação de gado, também destacado pela autora, caracterizando uma propriedade do capital monopolista que se acentuavam com as corporações intemacionais 63 O latifiíndio era firtor primordial para o sucesso do domínio da criação do rebanho.

Notas

2. BRIOSCHI , L.R. et al . Entrantes no Sertão do Rio Pardo.  O Povoamento da Freguesia de Batatais, Séculos XVIII e XIX.  São Paulo:  1991.
3.Idem.
4. Idem.
5. A estrada iniciava-se em São Paulo, estendia-se até Minas Gerais, Goiás e por via fluvial até Cuiabá. A estrada era utilizada pela Coroa para escoamento do ouro recém-encontrado nestas regiões.
6. Relacionado aos primeiros povoadores e fazendas, consultar estudo realizado por MACHIONE; F.G.J. e TINELI, R.A. Barretos Primeiros Povoadores e Fazendas. ed. 1999 e MONBEING, Pierre. Pioneiros e Fazendeiros de São Paulo. ,São Paulo: Hucitec.. 1984.
7. CASTRO. Antonio Barros. Sete Ensaios sobre a Economia Brasileira. Rio de Janeiro: Forense, 1975 V. I.
8. BENITES, Miguel G. Brasil Central Pecuário: Interesses e Conflitos - Tese de Doutourado apresentada ao Departamento de Geografia da FFLCH da USP, 1995.
9. Conta-se que em 1870, ocorreu uma forte geada, que queimou toda a mata ainda não desbravada pelos sertanejos, e que depois de seca, nasceu um tipo de pastagem  de ótima qualidade, atraindo assim os criadores para a região de Barretos. (Menezes p 51).
10. ABREU, Capistrano de.  Capítulos de História Colonial-1500-1800. Rio de Janeiro: Briguiet,  1954.  p. 213
11. MENEZES, Ruy. História do Desenvolvimento Cultural de Barretos. Barretos: s/ed. 1985.
12. FARJA Wilson. A Pecuária em  Barretos (SP) e os Fatores de Sua Implantação. São Paulo: Caderno de Ciências da Terra.1971.
13.  ROCHA, Osório. Barretos de Outrora. ed.1954
"Centro Industrial do Brasil. Publicação Oficial: 1909. p 427. "Ao fim-da labuta, após esse percurso de 200,300 léguas, chega o boiadeiro ao sul de Minas, a Barretos, zona  intermédia de engorda, onde se efetuavam as transações das boiadas magras, cansadas, estafadas, "aguadas", depois de uma viagem feita entre a sede e a fome"
14.  ROCHA, Osório. Barretos de Outrora. s/ed.l954
15. Invernista: aquele que mantém um pasto protegido para engorda do-rebanho. Nos meses de seca compra o gado magro e engorda  em  seus-pastos; pecuarista aquele- que se dedica  à pecuária o ano todo; -  marchante:- utilizava-se dos matadouros à beira das estradas para abater o gado e vendê-lo-nas cidades próximas.
16. -É possível encontrar nos periódicos locais críticas à postura frente as decisões de preços em relação ao fornecimento de produto aos frigoríficos. "A Situação-das Companhias Frigoríficas"  Jornal  O Commercio. 1918.
17. BENITES. Op. eit  p. 56.
18. Centro Industrial do Brasil. Publicação Oficial: 1909. p 427 "Quando o gado atinge a idade em que pode ser exportado, o criador sertanejo ou toca a sua boiada em geral acrescida de outras cabeças compradas dos vizinhos, ou vende -a em casa, ao comerciante de gado magro, o boiadeiro, chamado. Este a conduz ... O boiadeiro sempre precisa caminhar 150, 200 e mais léguas com sua numerosa comitiva, dezenas e dezenas de bestas carregadas de tudo quanto lhe é necessário e com pessoal para a longa viagem ... Em regra ao deixar as fazendas, o gado criado à solta está bravio, está arisco... Caminha em pequenas manadas pouco distantes umas das outras e lentamente não podendo vencer mais de três a quatro léguas por dia".
19. "A capital, que não chegava a 250 mil habitantes em 1900; assistia-acrinicio de uma febre de crescimento ...a levaria a perto de 700 mil habitantes . Monbeig op: Cit. P 182.
20.  PARDI, Miguel C. Memória da lnspeção Sanitária e Industrial de Produtos de Origem Anímal no Brasil: O Serviço de lnspeção Federal-S.I.F. Brasília; 1996.
21. Idem. Este matadouro "...foi construido no Rio de Janeiro por firma alemã, em torno dos anos de 1872 e 1873, visando centralizar as matanças de gado e a cobrança de taxas e dízimos da Coroa."-
22. Centro Industrial do Brasil . Op.cit. p-.4251426
23. LOBATO; Mirta Z.   La vida em las fábricas:  Trabajo,  Politica  una Comunidad Obrera, Berisso  (1904-1970). Buenos Aires:Prometeo Libros, 2001.
24. Centro Industrial do Brasil  .Op.cit.  p.431
25. Á nivel local, a partir de 1910, apenas um ano após a publicação oficial  "Centro Industrial do Brasil", onde há uma boa referência sobre o tema, inclusive utilizada neste  capitulo, ojornal  "O Commercio" fez uma longa reportagem sobre a carne frigorificada. No Rio Grande do Sul, houve uma "batalha" para a implantação de um frigorifico nacional  o que não ocorreu.
26. PESAVENTO, Sandra J. Republica Velha Gaúcha - Charqueadas - Frigoríficos- Criadores. Porto Alegre: 1980, Movimento. P.41
27.  Sobre a importancia da participação de imigrantes na industrialização e  a origem da burguesia no Brasil ver Silva (1976 ) e Dean (1976) .
28· SUZIGAN  Op. cit  p. 25
29. SUZIGAN. Op cit p.338. "
30. SUZIGAN. Op. Cit: p 119.
31. PERISSINOTO, Renato M. Frações de Classe e Hegemonia na Primeira República em São Paulo. Dissertação de Mestrado. UNICAMP:  1999.
32. Idem.
33. LEVI, Daniel E.  A  Família Prado.   São Paulo: Cultura;  J-9-77
34. Documento de Constituição na JUCESP 121-4 üe 7. HU9W.
35. PRADO, Nazareth. Antonio Prado no Império e na República. Rio de Janeiro: F.Brigniet e Cia, 1929-. p. 473.
36. Idem p. 474
37. Pesavento argumenta que observava-se que havia neste tipo de investimento "...tanto a ligação entre capital de mais de uma procedência como as atividades econômicas entrelaçadas..." Op.cit. p. 93
38. PRADO. Op. cit. p.476.
39. Inauguração da Energia Elétrica Publica. 29/01/1911 e A Inauguração do Posto Zootechnico 06/08/1911. Jornal O Commercio.
40. SUZIGAN."'. Op. cit p. 338.
41. SUZIGAN. Op. cit p. 335.
42. Anais do I Congresso Pecuarista do Brasil Central.
43.'"A Companhia Brasileira  e Britânica  de Carnes e o Frigorífico de Mendes, já  encerraram suas matanças ..." . O Commercio  10.3.1918
44. SUZIGAN. Op. cit. P. 342
45. SUZIGAN. Op. cit. p. 342.
46. PESAVENTO. Op. cit. p. 79 (Capitulo II)
47. ldem.· P: 343
48. SUZIGAN. Op.cit·p. 249.
49. As técnicas de conservação de carne pelo frio já haviam sido resolvidas com as descobertas de Charles Tellier em 1876, quando foi transportado de Bourdeaux ao Prata, carnes frigorificadas em perfeitas condições. Após o sucesso desta operação americanos e ingleses lançaram-se à produção e comercialização de carnes conservadas pelo frio, exportando capitais, tecnologia e medida de seleção e cruzamento de gado por áreas mais interessantes deste mercado. (Pesavento. 1980)
50. SUZIGAN.  Op.cit. p. 332                                                                         .
51. Segundo PESAVENTO  esta empresa estava ligada ao Grupo Vestey Brothers também proprietária dos Frigorifico Anglo.
52. "... a Companhia se incumbiria de introduzir gado selecionado ...também se obrigava a pagar ao Estado um imposto por  cabeça  de  gado  abatido  e um  imposto  de  exportação  para  os produtos  que  fabricasse..." alem  de  outros.
52. PESAVENTO,  Op.cit. p. 73.
53.  SUZIGAN , Op cit. P. 334
54.  Idem  p. 334
55. PESAVENTO. Op. cit.
56. Consul Seeger (Rio de Janeiro)  "American Paccking Houses for  Brazil"  apud SUZIGAN Wilson Industria Brasileira- Origem e Desenvolvimento. São Paulo: Brasiliense, 1986 p. 333.
57. SINGER, Paul. O Brasil no Contexto do Capitalismo Internacional 1889-1930, FAUSTO, Boris (org.) Hístoria Geral da Civilização Brasileira. São Paulo: Difel ,1977.
58. Idem p. 384
59. Idem p. 385
60. SUZIGAN Wilson- lndústria Brasileira- Origem e Desenvolvimento.  São Paulo: Brasiliense,  1986 .

Texto de Célia Regina Aielo Araújo em “Perfil dos Operários do Frigorífico Anglo (1927-1935). Dissertação de Mestrado apresentada ao Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Campinas, sob orientação do Professor Doutor Cláudio Henrique de Moraes Batalha, 2002. Excertos pp. 18-37. Digitalizado, adaptado e ilustrado para ser postado por Leopoldo Costa

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